Eu devo bater nesta tecla! Algo me incomoda muito ao ler as mensagens da maioria dos colegas tecnólogos, não são todos, mas é a maioria, ainda e infelizmente. Não sei se é o tom melancólico como alguns colegas se colocam e se queixam ou se a verdadeira falta de consciência e de informação que alguns colegas têm a respeito de suas profissões.
Percebo que entre nós tecnólogos ainda existem barreiras muito grandes, uma delas é a falta de informação e isso está nos enfraquecendo muito. Somente hoje, já li perguntas de profissionais tecnólogos querendo saber qual a diferença de Tecnólogo e Técnico, outros profissionais afirmando que o curso tecnológico que fizeram possui a mesma grade de um curso de especialização Lato Sensu, alguns querendo saber como proceder, pois, não sabem se são graduados, ou nível superior, quando são as duas coisas.
Ao assistir o jornal hoje, a repórter referiu-se aos tecnólogos como técnicos de nível superior e as instituições de ensinos tecnológicos como escolas técnicas. Observo que mesmo pessoas que se dizem ou se julgam pessoas informadas empregam termos errados para definir o profissional tecnólogo por desconhecimento ou por costume de ver todos nos tratar dessa forma ou mesmo por preconceito e reserva de mercado, o agravante vem dos próprios tecnólogos que infelizmente deveriam dar o exemplo e saberem se impor, diante da sociedade e não o sabem.
Não vejam a afirmação, “tecnólogos são técnicos de nível superior”, como um beneficio para nós, como se isso fosse um reconhecimento alcançado, pois na verdade a colocação do temo técnico nesse caso por si só denota uma intenção de nós vincularem perenemente a um nível abaixo do superior. Vejam! No contexto da etimologia da palavra, de seu significado, a palavra técnico refere-se a algo peculiar, próprio de uma determinada arte, de um ofício, do conhecimento de uma profissão ou ciência, e partindo para o sentido da pessoa técnica, o técnico é o indivíduo que conhece e aplica determinada técnica, é o especialista, o perito, o experto.
Observem, pois, que qualquer profissional que possua em sua formação conhecimentos metodológicos e práticos, especialidades fundamentadas em ciência, observação, analise e estudo, e que transfira isso para prática com respaldo acadêmico – e eu vou mais além, com respaldo acadêmico ou não -, essa pessoa é uma pessoa técnica, não é difícil ao nos reportamos com queixas ao um determinado departamento público, ouvir que irão nos encaminhar para o departamento técnico, - Ponto! Departamento técnico: corpo profissional de técnicos especializados em determinada arte, ofício ou ciência -. Percebam que nesse contexto o técnico é todo e qualquer profissional que integre o departamento técnico, o engenheiro, o mecânico, o auxiliar técnico de administração, o consultor técnico em gestão de TI, que nesse caso, pode ser o bacharel em ciência da informação ou computação, ou seja, o técnico é o ESPECIALISTA.
Mas na cabeça da maioria dos brasileiros o Técnico é o cidadão que faz um curso técnico de nível médio. O Bacharel é o cidadão que faz bacharelado! E o tecnólogo o que é? O povo não sabe! Más o governo sabe, nós tecnólogos deveríamos saber, alguns sabem, mas não todos os tecnólogos. Nessa salada de titulações somo todos técnicos, distribuídos como técnicos de nível médio e técnicos de nível superior, é isso mesmo o Engenheiro é um TÉCNICO DE NÍVEL SUPERIOR, O MÉDICO É UM TÉCNICO DE NÍVEL SUPERIOR EM SAÚDE, O ADVOGADO É UM TÉCNICO DE NIVEL SUPERIOR EM DIREITO, ou seja, um TÉCNICO JUDICIÁRIO DE NIVEL SUPERIOR. Mas o povo ainda não entendeu isso, infelizmente é uma burrice que impregna o inconsciente, o subconsciente e o consciente pessoal e coletivo da maioria dos brasileiro e de muita gente mundo a fora.
Mas, vejamos até onde vai a malicia e a má índole de alguns! Quando nos referimos ao técnico no Brasil a maioria das pessoas associam diretamente ao profissional de nível médio, e ai onde mora a jogada de uns e outros, quando se referem ao tecnólogo como técnicos de nível superior, estão descaradamente incitando o entendimento da população a associação com cursos de nível médio, ora minha afirmação se comprova explicitamente nos comentários que leio no grupo. E notem por que não titulam o bacharel como técnico de nível superior?
Companheiros, TÉCNICOS todos nós somos, de nível superior ou médio, o que vai definir o nível é o curso que fazemos, ou seja, nossas opções de formações, a mesma lógica se aplica ao uso do termo GRAU ou GRADUAÇÃO. Acho que muitos lembram que até certo tempo atrás nós tínhamos a seguinte divisão na educação, 1º grau = Ensino Fundamental, 2º grau = Ensino Médio e 3º grau = Ensino Superior. Veja que o modelo antigo oferecia três níveis distintos de graduação, graduação fundamental, graduação de nível médio e graduação de nível superior. Hoje o termo graduação é usado para diferenciar as modalidades de ensino dos cursos de especialização técnica, graduação de técnico de nível médio, graduação de nível superior, o que fica fora desta ordem é a formação seqüencial, ou seja, os cursos seqüenciais que não graduam, mas são cursos de nível superior. Quando o cara se forma em um curso técnico de nível médio ele cola grau de técnico de nível médio, quando o cara se forma em curso superior de graduação (tecnólogos, bacharéis e licenciados) ele cola grau de nível superior ou de técnico de nível superior, ou como queira chamar ele é um profissional de graduação superior.
E por fim, não importa se a grade do curso se assemelha a um curso técnico, ou especialização, por que o que conta é o grau de aprofundamento que o aluno terá durante sua formação com suporte de algumas disciplinas teóricas e especificas da área de estudo, o curso de especialização, prevê que o aluno formado possua uma carga de conhecimentos que darão suporte as analises mais aprofundadas de uma área especifica que o aluno queira se aperfeiçoar ou especializar-se, logo é comum que os cursos de especialização tragam em sua estrutura disciplinas que sejam iguais aos dos cursos de graduação, pois estas serão dadas como complemento ao que já foi visto, mas de forma mais sucinta e focada em uma área especifica do conhecimento.
O ponto forte do tecnólogo é que o tecnólogo aprofunda e muito em matérias especificas, fazendo-o, ou pelo menos, devendo fazê-lo um profissional altamente especializado em um determinado saber, isso não significa a abolição total das disciplinas teóricas, conclui-se muitas vezes que ao partir para a prática o tecnólogo finda por deixar muitos profissionais tradicionais literalmente para trás, pois estes ainda se especializarão e o tecnólogo já sai especialista da faculdade.
Portanto meus caros colegas, não se submetam ao julgo e as humilhações de outros profissionais, mas procurem ao menos conhecer seus direitos e estudem não só aquilo que lhes são dados na faculdade, mas tudo o que lhes cercam e que se referem a sua formação e profissão, façam o máximo.
Até breve!
Ramiro Ferreira dos Santos |
Tecnólogo em Saneamento Ambiental/IFS |