terça-feira, 8 de março de 2011

Fechar as escolas de Economia e abrir escolas de Engenharia

Publicado em 06/03/2011
Um certo engenheiro búlgaro ...
 No ponto mais agudo da crise de 2008, quando a urubóloga disse que um tsunami ia afundar o Nunca Dantes, naquele momento dramático, Paul Volcker, ex-presidente do Banco Central americano, deu entrevista a um programa de domingo de manhã na CNN.

O entrevistador neoliberal, um urubólogo, perguntou a Volcker se ele não estava preocupado com o déficit.
Assim como o Cerra tem um problema com o “câmbio”, os neoliberais têm um problema com o “déficit”.
Volcker disse que não.
Disse que estava preocupado com o metrô de Nova York.
O que ?, perguntou o neoliberal aturdido. Com o metrô ?
Sim, ele explicou.
Houve uma concorrência para ampliar as linhas do metrô de Nova York e nenhuma empresa americana se apresentou.
Mas, e daí ?, se perguntava o neoliberal perplexo.
Volcker explicou: é que os Estados Unidos não formam mais engenheiros.
As melhores cabeças da América foram trabalhar nos bancos.
Produzem derivativos e não vagão de trem.
E deu no que deu.
Este ansioso blogueiro deu para ler o Plano Quinquenal da China, em lugar de perder tempo com o artigo do Farol de Alexandria, hoje, na página 2 do Estadão – um exercício inútil sobre o que a “esquerda” deve fazer.
(Como se a esquerda ou a direita precisasse de conselho dele.)
(Na verdade, é um artigo chic, para demonstrar que, em 1968, durante os protestos estudantis, ele estava em Paris. Gente fina …)
Mas, vamos ao Plano chinês.
Leitura mais útil a um habitante de um país membro dos BRICs e do Grupo dos 20.
(Aliás, no capitulo das relações externas, o Plano enfatiza que a China pretende afirmar-se em fóruns internacionais e o Grupo dos 20 está em primeiro lugar.)
O Governo chinês abriu um centro de pesquisas em nanotecnologia, constrói neste momento 50 centros de engenharia, 32 laboratórios nacionais de engenharia, e 56 laboratórios focados em televisão digital e internet de alta velocidade.
Antes que os profetas do Apocalipse se manifestem, vamos a artigo que o Ministro Fernando Haddad publicou na pág. 2 da Folha (*), em 23 de fevereiro:
(Esta expressão, na verdade, é de autoria deste ansioso blogueiro, noutro contexto, quando o PiG (**) queria destruir o ENEM para impedir o acesso do pobre à Universidade: “o ENEM é a banda larga do acesso do pobre à Universidade”.)
Diz o Haddad:
“Na ultima década, o Brasil foi, segundo o Banco Mundial, o país que mais avançou em aumento da escolaridade e, segundo dados da OCDE, o terceiro país que mais evoluiu em qualidade da educação básica”.
“Superamos a China no primeiro caso, e ficamos atrás apenas de Chile  e Luxemburgo, no segundo.”
“Reuni – a expansão e a interiorização das universidades federais dobrou o número de ingressantes entre 2003 e 2020 (olha o Nunca Dantes aí ! – PHA), levando educação superior de qualidade a 126 cidades do interior do país.”
Pro Uni – mais de 800  mil estudantes de escola pública que passaram no ENEM estudam em faculdades.
“ … em dez anos, a matrícula do ensino superior teve aumento de 151% e o número de
formandos  cresceu 195% !”
Que horror !
Porém, segundo o jornal Brasil Econômico, de 2 de março, na pág. 14, mostra: “demanda alta por engenheiros deixa construção em alerta”.
“Registro de novos profissionais não acompanha a abertura de vagas no setor; grupos falam em importar mão de obra.”
No ano passado, a construção civil criou 12 mil postos de trabalhos para engenheiros.
No ano passado, 7 mil engenheiros se registraram nos CREAs de todo o país, mostra a reportagem.
Acontece que apenas 30% dos engenheiros do Brasil trabalham em engenharia: estão a produzir os derivativos do Paulo Volcker, em boa parte.
Qual é a saída?
Uma delas sugeriu o Ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante: acelerar a formação de tecnólogos em engenharia, de formação mais curta, para suprir a demanda que está aí, agora.
É uma emergência.
Outra, é importar engenheiro.
Com um engenheiro búlgaro que veio trabalhar na Usiminas, no Governo Vargas, de nome Rousseff.
Outra é fechar as escolas de Economia – fábrica de neoliberais que só pensam em trabalhar em banco – e abrir escolas de Engenharia.
Paulo Henrique Amorim
http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2011/03/06/fechar-as-escolas-de-economia-abrir-escolas-de-engenharia/

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